quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Calvino livro 1 – capítulo 2.2

Do Livro 1, Capítulo 2.2
O reformador inicia a seção criticando novamente a vã especulação sobre Deus, comum entre os teólogos medievais, além de também negar a idéia de Deus proposta por Epicuro. A versão epicurista tem uma contraparte comum hoje em dia - o deus que abandonou o mundo a sua própria sorte, "um Deus que, pondo de parte o cuidado do mundo, só se apraz no ócio" (1.2.2, p.45). Nega-se, portanto, o deus do deísmo, aquele que não interfere em sua Criação, "afinal, que ajuda traz conhecer a um Deus com quem nada temos a ver?" (idem).
Adiante, mais uma vez Calvino nos lembra que o propósito do conhecimento de Deus é levar-nos à adoração.
"Segue-se necessariamente, uma vez que sua vontade nos deve ser a lei de viver, que inexoravelmente a vida te é corrompida, se não a pões ao serviço dele." (idem)
Para Calvino, Deus, e não o homem, é a medida de todas as coisas. Com isto em mente, o teólogo poderá ser levado a ser grato e render honra ao único e verdadeiro Deus, sem qualquer interferência de opiniões humanas. Numa bela expressão do que significa a verdadeira obediência o reformador nos explica o que entende como um homem piedoso.
"Refreia-se de pecar não só pelo temor do castigo, mas porque ama e reverencia a Deus como Pai; honra-o e cultua-o como Senhor; e mesmo que não existisse nenhum inferno, ainda assim treme só à idéia da ofensa. Eis no que consiste a religião pura e real: fé aliada a sério temor de Deus." (1.2.1, p.46)
Já que trata de adoração, Calvino termina com um alerta:
"Enquanto todos veneram a Deus de maneira vaga e geral, pouquíssimos o reverenciam de verdade; enquanto, por toda parte, grande é a ostentação em cerimônias, rara, porém, é a sinceridade de coração." (idem)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Piedade em Calvino

Do Livro 1, Capítulo 2.1
"Entendo como conhecimento de Deus aquele em virtude do qual não apenas concebemos que Deus existe, mas ainda apreendemos o que nos importa dele conhecer, o que lhe é relevante à glória, enfim, o que é proveitoso saber a seu respeito." (1.2.1, p.44)
Me parece aqui que o reformador já deixa de fora qualquer tipo de "frívolas especulações" (1.2.2, p.45), de maneira semelhante ao que os escolásticos católicos e muitos filósofos faziam. Embora esse seja um conhecimento apropriado sobre Deus, ainda não se trata de conhecimento salvífico, mas daquele "primário e singelo" (1.2.1, p.44) que Adão teria, se não tivesse pecado. Portanto, Calvino faz uma distinção entre dois tipos de conhecimento de Deus.
"O Senhor se mostra, em primeiro lugar, tanto na estrutura do mundo, quanto no ensino geral da Escritura, simplesmente como Criador, e então na face de Cristo como Redentor." (idem)
Ainda que esse primeiro conhecimento não seja realmente um discipulado cristão, para Calvino é essencial que a pessoa que deseje conhecer o Criador mantenha uma atitude de reverência.
"Em parte alguma se achará uma gota ou de sabedoria e de luz, ou de justiça, ou de poder, ou de retidão, ou de genuína verdade, que dele não emane e de que não seja ele próprio a causa; de sorte que aprendamos realmente dele esperar e nele buscar todas as coisas; e após recebidas, a atribuir-lhas com ação de graça." (1.2.1, p.44s)
Essa reverência, que ele chama de piedade, funciona como um pressuposto básico para aquele que deseja conhecer o Senhor. De fato, não há como alguém obter um verdadeiro conhecimento de Deus se parte da assunção de que o Criador não é o parâmetro para definirmos justiça, poder, beleza, sabedoria, e tudo o que for possível daí tirar.
"Chamo piedade à reverência associada com o amor de Deus que nos faculta o conhecimento de seus benefícios. Pois, até que os homens sintam que tudo devem a Deus, que são assistidos por seu paternal cuidado, que é ele o autor de todas as coisas boas, daí nada se deve buscar fora dele, jamais se lhe sujeitarão em obediência voluntária." (1.2.1, p.45)
Assim, para Calvino, o objetivo da teologia é este - sujeitar-se obedientemente a Deus. O estudante que deseja conhecer mais o Criador, apenas por mera curiosidade, não obterá bons resultados.
Alguém já notou o fato de Tomás de Aquino concentrar-se mais na pura obtenção de dados sobre a Divindade, enquanto João Calvino insiste num conhecimento que necessariamente nos leva à adoração.
"Em todas as suas páginas aparece não tanto (como em Aquino) a soma de toda teologia (summa theologiae), mas uma soma de toda piedade (summa pietatis). Teologia e ética tem uma relação simbiótica." (Derek Thomas)
Por fim, uma frase que me chama atenção, por demonstrar que a idéia por trás da "Teologia da Alegria", de John Piper, é parte da tradição reformada.

"Mais ainda: a não ser que ponham nele sua plena felicidade, verdadeiramente e de coração nunca se lhe renderão por inteiro."
(1.2.1, p.45)

domingo, fevereiro 15, 2009

Lendo as Institutas - 3

Do capítulo 1


Já que o assunto é a epistemologia, isto é, a teoria do conhecimento (ver post anterior), nada mais conveniente que lermos a maneira como o reformador enxerga o conhecimento humano, e de que forma alcançá-lo.
"Quase toda a soma de nosso conhecimento, que de fato se deva julgar como verdadeiro e sólido conhecimento, consta de duas partes: o conhecimento de Deus e o conhecimento de nós mesmos. Como, porém, se entrelaçam com muitos elos, não é fácil, entretanto, discernir qual deles precede ao outro, e ao outro origina." (1.1.1, p.41)
"Ninguém pode sequer mirar a si próprio sem imediatamente volver o pensamento à contemplação de Deus... Pelo conhecimento de si mesmo cada um é não apenas aguilhoado a buscar Deus, mas até como que conduzido pela mão a achá-lo." (idem, p.41s)
Como comentei anteriormente, sem um forte embasamento, nosso conhecimento será pouco confiável. Só poderemos saber um pouco sobre nós mesmos, e ainda assim podemos estar enganados. É necessário que se una o conhecimento de Deus para que se possa esclarecer o conhecimento sobre o homem e sobre sua natureza.
"É notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face de Deus, e da visão dele desça a examinar-se a si próprio. Ora, sendo-nos o orgulho a todos ingênito, sempre a nós mesmos nos parecemos justos, e íntegros, e sábios, e santos, a menos que, em virtude de provas evidentes, sejamos convencidos da nossa injustiça, indignidade, insipiência e depravação." (1.1.2, p.42)
Verdadeiramente, uma boa antropologia só é possível após uma boa teologia. Aquele que não parte dos pressupostos corretos terá uma visão incorreta do homem. É por isso que muitas vezes critico a psicologia moderna e, especialmente, pastores dependentes dela. Não nego que haja verdade naquilo, mas é preciso sermos cuidadosos, ou estaremos relegando o homem ao papel de mera máquina, um animal ou coisa pior. Como Calvino, devemos nos lembrar do "Senhor, que é o único parâmetro" (idem). O homem é afetado pelo pecado, e mesmo seus sentidos falhos podem confirmar.
"Dos próprios sentidos do corpo nos é possível discernir ainda mais perto quanto nos enganamos ao avaliarmos os poderes da alma... forçados a confessar que essa nossa habilidade em contemplar as coisas terrenas, quando para o sol se voltou, é mera ofuscação." (idem)
A chave para o homem conhecer-se verdadeiramente é partir do pressuposto fundamental para quem quer um sistema de vida seguro - o conhecimento de Deus.
"Longe está de conformar-se à divina pureza o que em nós se afigura como absolutamente perfeito." (idem, p.43)
"O homem não é jamais tangido e afetado suficientemente pelo senso de indignidade, senão depois de comparar-se com a majestade de Deus" (1.1.3, p.43)
Que Deus nos dê essa disposição.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Lendo as Institutas 2


Da Carta ao Rei
Nessa seção, Calvino dedica sua obra ao Rei francês Francisco I, apresentando o motivo para escrevê-la. Ele também gasta algum tempo defendendo a igreja protestante, e a si mesmo, de calúnias. A seção tem alguns comentários interessantes, como o papel dos governantes:
"Com efeito, certamente esta consideração faz o verdadeiro rei: reconhecer-se um ministro de Deus na gestão do reino. Aquele que assim não reina para o serviço da glória de Deus não exerce o reino; ao contrário, exerce a usurpação." (Livro 1, p. 19)
Isto não significa união entre igreja e estado, mas trata-se da obrigação de cada ser humano, não importa quem seja e que cargo tenha, reconhecer-se como debaixo de um rei maior.
"Cristo, a quem o Pai constituiu Rei, para que domine de mar a mar e desde os rios até os confins do orbe das terras. E de tal forma, em verdade, deve ele imperar, que, percutida só pela vara de sua boca, a terra toda, com seu poder de ferro e bronze, com seu resplendor de ouro e prata, ele a despedecerá como se outra coisa não fosse senão diminutos vaso de oleiro, na exata medida em que os profetas vaticinam acerca da magnificência de seu reino." (p.20)
Outras passagens interessantes falam acerca de quem sustenta a verdadeira doutrina, e da natureza da igreja do Senhor. Entre elas, a famosa menção às duas marcas da igreja - pregação da Palavra e administração dos sacramentos.
"A marca distintiva da boa doutrina, da qual o autor é Cristo, é esta: ela não se inclina a buscar a glória dos homens, mas a de Deus." (p. 24)
"Nem se deve atentar para o que, antes de nós, outros, ou disseram, ou fizeram, mas para o que Cristo preceituou, que é de todos o primeiro." (p. 27)
"Nós afirmamos, em contrário, não só que a Igreja pode subsistir sem nenhuma expressão visível, nem que ela contém a forma nesse esplendor externo que estultamente admiram, mas em marca bem diferente, a saber, na pregação pura da Palavra de Deus e na legítima administração dos sacramentos." (p.29)
"Ele preservou os seus, ainda que não só dispersos, mas até mesmo submersos em meio aos erros e às trevas". (p. 30)
"Esta é como uma admissível propriedade da divina Palavra: que ela jamais vem à tona sem que Satanás se desperte e se assanhe." (p.32)
Em meio a toda essa polêmica, uma passagem me lembrou claramente o tempo em que vivemos, onde o errado é regularizado e o certo é proibido.
"Dificilmente em algum tempo as coisas humanas estejam tão bem que o melhor agrade à maioria. Portanto, o erro público quase sempre resultou em vícios particulares de muitos, ou melhor, o consenso comum dos vícios, que agora estes bons varões querem que seja tido por lei." (p.28)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

lendo Calvino – Institutas da Religião Cristã

Estou iniciando a leitura das Institutas em um ano. Como uma proposta para comemorar os 500 anos de nascimento de Calvino. Copie o plano de leitura das Institutas - Clique aqui - tirei o atraso de janeiro e do inicio de fevereiro. vou disponibilizar aqui algumas citações das Institutas.
Sobre o propósito da obra
"Este tem sido meu propósito: preparar e instruir de tal modo os candidatos à sagrada teologia, para a leitura da divina Palavra, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nesta escalada avançar sem tropeços." (Ao leitor, Livro 1, p.38)
"É que o dever daqueles que tem recebido mais ampla iluminação de Deus que os outros é vir em socorro dos símplices neste particular e que lhes deem a mão para os conduzir e os ajudar a encontrar a plenitude do que Deus quis ensinar em sua Palavra." (Prefácio à edição francesa, Livro 1, p.39)
"Posso bem prometer que poderá isto ser como que uma chave e entrada que a todos os filhos de Deus outorgue acesso a correta e cabal compreensão da Santa Escritura." (idem)
"Ousarei, um tanto presunçosamente, afirmar, com singeleza, a opinião que nutro desta obra: é ela mais de Deus que de mim próprio. Portanto, se algum louvor houver ela de suscitar, a Deus se deve ele render." (idem, p.40)
Obs.: As citações são da versão da Cultura Cristã, exceto se eu avisar.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

CARTA DO PRESB. SOLANO A RESVISTA VEJA

 

Apenas para situar os leitores: o colunista da VEJA, André Petry, andou cutucando os cristãos ou as instituições que ensinam o criacionismo. Foi além, citando o nome do Presbítero Solano Portela na edição da última semana [artigo "Lembra-te de Darwin"]. Além da exposição - natural pelo lugar que ele ocupa -, o colunista foi severo em suas críticas e representações caricaturadas do criacionismo e daqueles que o defendem.

Assim o Presbítero, bem como outras 128 pessoas, escreveu uma carta à revista.
Não publicaram a resposta dele.

Para a felicidade geral da nação, e democracia informacional, os blogs e e-mails existem, e assim transcrevo aqui a carta do Solano à VEJA. As outras cartas enviadas, bem como o histórico mais detalhado da controvérsia pode ser encontrado no
blog do Solano, Augustus e Mauro - O tempora, O mores!
Eis a carta:
São Paulo, 02 de fevereiro de 2009
Senhores:
Fui citado na coluna do Sr. André Petry ("Lembra-te de Darwin" – No. 2098) por ter a educação de atendê-lo em um telefonema na sexta, 30.01.2009. O Sr. Petry é conhecido por sua aversão aos evangélicos (vide VEJA No. 2083, de 22.10.2008) e não perde a oportunidade de atacar mais uma vez a liberdade de expressão, distorcendo fatos nesse artigo. Mesmo sabendo da possibilidade que nada de objetivo e veraz iria vir de seus escritos, esclareci que o os Colégios Mackenzie ensinavam, sim, criacionismo, em paralelo ao evolucionismo e não acreditam em sonegar quaisquer ângulos do conhecimento aos seus alunos. Como instituições confessionais, estão abrigadas na Lei de Diretrizes e Bases e reforçam a pluralidade educacional brasileira, objetivada pela lei. Nada disso é novidade, o Mackenzie faz isso desde 1870, com um ensino pautado pelos princípios e valores das Escrituras Sagradas, contabilizando uma imensa contribuição à sociedade desde os tempos do império. Essa avidez pela excelência de ensino está sendo ampliada, nos últimos anos, com a produção de materiais didáticos próprios.
O Sr. Petry, que na ligação se dizia tão interessado na apuração dos fatos, preferiu me citar seletivamente, omitindo a cobertura global da questão das origens realizada pela Instituição. Além disso, revela sua deficiente pesquisa, não apontando que no próximo mês de abril o Mackenzie apresenta o 2º Simpósio Internacional sobre Darwinismo, ao qual estarão presentes, além de expoentes internacionais da séria escola do Design Inteligente, renomados evolucionistas. Com isso demonstra o acato à pluralidade de idéias e o estímulo ao debate construtivo e saudável, e não a caricatura mal feita que o articulista esboçou em sua coluna. O artigo está muito longe de ser jornalismo saudável e esclarecedor.
Prefere, o Sr. Petry, ridicularizar, classificando em irônica ilação como "macacos tolos" aos que procuram enxergar um pouco mais além e dar continuidade ao ímpeto investigativo. Nunca chamaríamos Darwin de tal, pois foi um ser humano com inteligência, criado à imagem e semelhança de Deus. Petry prefere que a comunidade acadêmica e científica permaneça acorrentada a postulados anacrônicos de 150 anos atrás. Quer o conforto da ignorância de uma era na qual ainda não existiam quaisquer pesquisas possíveis na área de microbiologia, as quais têm exposto um número nada desprezível de fragilidades na teoria da evolução. Demonstra sua ignorância dos diferentes pontos de vista que existem no campo criacionista, com sua definição simplista e monolítica, gerada por ele próprio, e que não foi obtida através desta fonte. Ridicularizar pessoas e instituições é o seu estilo. Pena que uma revista tão séria, como VEJA, que tantas informações valiosas nos fornece a cada semana, o acolha impunemente em suas páginas. Ele diz que o criacionismo assusta. Ter fé em Darwin é o seu direito. Ter carta branca para difamar, isso sim, é assustador.
Francisco Solano Portela Neto
* * *
Se você deseja continuar acompanhando o debate, visite o
blog do Solano, e assista ao programa Darwin 200 anos na Globo News nesta quarta, 11 de fevereiro, às 23h30min (eles vão apresentar a perspectiva criacionista - o Dr. Mauro Meister, também do Mackenzie, deve ser um dos entrevistados).

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Falso culto a falsos deuses

Como já afirmei aqui algumas vezes, um traço marcante da teologia de João Calvino é a ênfase no verdadeiro conhecimento de Deus, que tem como marcas a verdadeira piedade e a verdadeira adoração. Não é de se admirar, portanto, que concluindo a seção sobre ídolos e falsas divindades, o reformador volte-se novamente para a questão do culto a Deus.
"Dissemos no início que o conhecimento de Deus não está posto em fria especulação, mas traz consigo o culto... a não ser que resida no Deus único tudo quanto é próprio da Deidade, ele é despojado de sua dignidade e profanado é seu culto." (1.12.1, p.117s)
Chama atenção que uma das consequências de juntar Deus e outros deuses é gerar para o Criador uma "fria noção de autoridade suprema" (1.12.1, p.118). Mais uma vez vemos que Calvino não faz o tipo "acadêmico tíbio". Para ele, o conhecimento de Deus deve nos levar uma relação dinâmica e intensa com o Criador.
Dito isso, a falsa distinção entre Latria (culto, adoração) e Dulia (serviço) é novamente atacada, demonstrando a falácia dos papistas.
"De fato douleía é serviço, latréia, honra. Portanto, por certo que ninguém põe em dúvida que servir seja algo mais que honrar. Ora, com muita frequência seria penoso servir àquele a quem não recusarias render honra. Logo, seria uma partilha iníqua consignar aos santos o que é maior, e deixar a Deus o que é menor." (1.12.2, p.119)
Com todos esses argumentos levantados, só resta ao reformador fechar o caso, apresentando alguns exemplos de como a Bíblia rejeita servidão e honra a qualquer outro que não seja Deus.
"Paulo, quando traz à lembrança aos gálatas o que foram eles antes de haver sido iluminados no conhecimento de Deus, diz que haviam exibido dulia para com aqueles que por natureza não eram deuses [Gl 4.8]. Portanto, uma vez que não a denomina latria, porventura a superstição lhes seria escusável?" (1.12.3, p.119)
"E quando Cristo repele a investida de Satanás com este escudo: 'Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás' [Mt 4.10], não entrava literalmente a questão latria, porque Satanás não requeria senão προσκυνσεις [prostrar-se de joelhos em reverência]." (idem)
"Ao prostrar-se diante de Pedro, [Cornélio] evidentemente não o faz com o propósito de adorá-lo no lugar de Deus. Pedro, no entanto, o proíbe terminantemente de fazê-lo. Por quê, senão pelo fato de que os homens nunca fazem distinção tão precisa entre o culto de Deus e das criaturas, que não transfiram promiscuamente à criatura o que é próprio de Deus?" (1.12.3, p.120)
Mesmo os mais sinceros podem cair no laço da idolatria. Que nos examinemos para não repetirmos os erros do passado, escondidos debaixo de falácias e questões semânticas.