sexta-feira, janeiro 12, 2007

O Sacramento do Batismo Infantil nos escritos de Calvino


          



                       Para o reformador o sacramento do batismo não é um mero sinal externo de entrada na comunidade visível da igreja. Calvino claramente mostra que o batismo aplica as bênçãos que alcançamos em Cristo pela fé. Para ele o batismo é um meio de graça, pois fortalece, aplica e sustenta nossa fé.
        Calvino entende o batismo infantil como: “... principalmente através do batismo a aliança do Senhor é confirmada conosco, corretamente batizamos nossos filhos porque eles já são participantes da aliança eterna pela qual o Senhor promete (Gn17. 1-14) que ele será não apenas o nosso Deus, mas também de nossa posteridade”. Para entendermos a visão de Calvino sobre o batismo infantil é preciso ter uma compreensão da Teologia da Aliança. O pensamento de Calvino é totalmente derivado de um entendimento bíblico do Pacto da Aliança. Calvino era Aliancista, ele via uma continuidade nas promessas de Deus se cumprindo desde o Antigo testamento até o Novo Testamento. Essa continuidade das promessas é base para entendermos a continuidade das promessas e ordenanças prescritas por Deus no Antigo Testamento. Daí Calvino derivar sua teologia do batismo infantil da correlação com a circuncisão. Para Calvino a circuncisão e o batismo infantil contêm as mesmas promessas espirituais, “Concluímos, pois, que os patriarcas tiveram na circuncisão as mesmas promessas espirituais que nós possuímos agora no batismo; e que significa a remissão dos pecados, e a mortificação da carne para vivermos em justiça”. O fundamento do batismo é o mesmo da circuncisão, o pacto da graça, que Deus instituiu para seus eleitos. Calvino ressalta nas Institutas o valor que tem os filhos dos crentes serem batizados.
“Porque esta santa instituição pela qual sentimos que nossa fé é ajudada com um grande consolo, não pode ser tida por supérflua. Porque o sinal que Deus comunica as crianças, confirma, como se fosse ratificada com um selo, a promessa de que o Senhor os fez seus, e que o Senhor será seu Deus e de sua descendência por mil gerações.”

      E para as crianças o valor é descrito no livro IV, capítulo XVI, 9, das Institutas:
“O proveito que os filhos recebem é que a igreja reconhecem-nos como membros seus, os tem em maior estima. E eles, ao se tornarem maiores tem ocasião de voltar-se mais ao serviço de Deus, que se manifestou como Pai antes mesmo que tivessem entendimento para compreende-lo, recebendo-os no número dos seus desde o seio de sua mãe .”

      Calvino entende que é grande desprezo deixarmos de batizar nossos filhos. “Mas se vemos que nossos filhos são batizados pela autoridade de Deus, guardemos-nos mui bem de fazermos uma injuria reprovando sua disposição”. Calvino também afirma que seremos castigados se menosprezarmos este sacramento. “... devemos sempre temer que se menosprezarmos selar nossos filhos com o sinal do pacto, o Senhor nos castigue por isso (Gn 17.14); por que ao fazê-lo assim renunciamos ao beneficio e a graça que nos oferece.” Os cristãos e os israelitas participam dos benefícios do mesmo pacto. McGrath, comentando acerca da posição de Calvino sobre batismo infantil diz:
“Se as crianças cristãs não puderem ser batizadas, elas ficaram em desvantagem em relação às crianças judias, as quais eram pública e externamente seladas e introduzidas na comunidade da aliança através da circuncisão (Institutas da Religião Cristã, IV.xvi.6). Portanto, Calvino argumenta que as crianças deveriam ser batizadas, não lhes sendo negados os benefícios daí decorrentes.”

       Vemos que grande importância tem para Calvino o fato de os cristãos batizarem os seus filhos. O reformador se torna um dos maiores opositores dos Anabatistas. Principalmente no que concerne ao batismo infantil. Calvino na conclusão do capítulo sobre batismo infantil nas        Institutas da Religião Cristã diz:
“Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem ordenado para confirma-nos as graças que ele que nos conceder, pouco a pouco vamos nos esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligencia de ensinarmos nossos filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não é pequeno estimulo sabermos que educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em sue povo, fazendo-os membros de sua igreja.”

             Calvino mostra a importância bíblica de aplicarmos o batismo infantil em obediência a vontade revelada de Deus, inclusive sobre pena de sermos punidos se desobedecermos a essa ordenança ou menosprezar esse sacramento. É bem dito por Calvino que aqueles que são batizados têm privilégios. Dentre os quais de serem parte do povo de Deus, quando se tornarem adultos tem ocasião de voltar-se para Deus em gratidão por terem sido aceito desde a mais tenra idade.

Reverendo Carlos Jr



 

terça-feira, janeiro 09, 2007

Somente a Fé em Cristo Jesus

"A menos que eu seja convencido pelas Escrituras ou pela Razão - 
não aceito a autoridade dos papas e concílios, pois um contradiz o outro - 
minha conciência é cativa da Palavra de Deus. Eu não posso  e não vou voltar atrás em nada,
pois ir contra a consciência não é certo nem seguro. Aqui estou, não posso agir de outra forma.
Que Deus me ajude, amém."
Martinho Lutero, Pastor evangelico.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

“DIANTE DA NOÇÃO QUE TEMOS DO DEUS ÚNICO. OS IDÓLATRAS NÃO TÊM DESCULPAS.





“Não fareis para vós outros ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura nem coluna, nem poreis pedra com figuras na vossa terra, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o SENHOR, vosso Deus.” Levítico 26:1

“Aborreces os que adoram ídolos vãos; eu, porém, confio no SENHOR.” Salmos 31:6

“Sejam confundidos todos os que servem a imagens de escultura, os que se gloriam de ídolos; prostrem-se diante dele todos os deuses.” Salmos 97:7

“Também está cheia a sua terra de ídolos; adoram a obra das suas mãos, aquilo que os seus próprios dedos fizeram.” Isaías 2:8

“pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”1 Ts 1:9

“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” 1 João 5:21



João Calvino nas Institutas da Religião Cristã diz:

“DIANTE DA NOÇÃO QUE TEMOS DO DEUS ÚNICO. OS IDÓLATRAS NÃO TÊM DESCULPAS.

Nosso objetivo, porém, é fazer uma síntese da doutrina geral. Observemos, primeiro, que as Escrituras, para dirigir-nos ao Deus verdadeiro, exclui e rejeita expressamente a todos os deuses inventados, visto que, por quase todos os séculos, a cada passo, a religião foi adulterada. Certamente, é verdadeiro o fato de que o nome do Deus único tem sido conhecido e celebrado por toda parte, pois mesmo aqueles que adoravam grande multidão de deuses, falaram frequentemente de acordo com o próprio sentido da natureza, usando simplesmente o nome de Deus, como se apenas um Deus único fosse suficiente. E isto Justino, o mártir com muita propriedade, compondo, para este fim, um livro intitulado A Monarquia de Deus no qual, por meio de muitas testemunhas, mostra que a unicidade de Deus está impressa no coração de todos. Tertuliano também, com base na linguagem comum, prova a mesma coisa.

Mas, em decorrência do fato de todos serem arrastados ou impelidos, pela vaidade, a falsas invenções, e assim terem embotado os seus sentimentos, tudo quanto pensarem do Deus único – em bases naturais - nada lhes valeu, senão que se tornassem indesculpáveis. Até mesmo os mais sábios de todos eles põem à mostra a divagação errante da própria mente, quando anseiam pela assistência de um Deus – qualquer que seja ele - , por isso, em suas preces invocam a divindades incertas. Acrescente-se a isso que, pelo fato de imaginarem que a natureza de Deus é múltipla – ainda que o seu sentimento, em relação à divindade, fosse menos absurdo do que o sentir do vulgacho em relação a júpiter, mercúrio, vênus, minerva e outros deuses - , mesmo os mais sábios não escaparam das enganosas sutilezas de satanás. E como já dissemos em outro lugar(nesta obra), todos e quaisquer artifícios que os filósofos imaginaram com argúcia, não diminuem o seu crime de apostasia, mas tornam evidente que a verdade de Deus foi corrompida por todos eles.

Por essa razão, o profeta Habacuque, onde condena a todos os ídolos, ordena que se busque a Deus no seu templo (2.20), para que os fiéis não admitissem outro Deus, a não ser aquele que se revelou por sua Palavra.”