quarta-feira, agosto 27, 2008

Sobre Pentecostalismo





















O Comitê de Evangelismo e a Congregação da Protestant Reformed Church de South Holland (Illinois) são gratos a Deus que uma segunda impressão desse livreto é necessária. Isso significa que Deus está dando uma ampla distribuição a este testemunho da fé e vida Reformada. Pedidos continuam a chegar, não somente do nosso próprio país, mas também de outras nações. Não poucos têm expressado que essa pequena obra tem sido usada pelo Senhor, quer para livrá-los da religião carismática, ou para capacitá-los a resistir à tentação de virar carismático. Alguns, não sendo contra a ênfase do livreto, repreenderam-nos por seu tom “pejorativo”. Devemos reconhecer que a advertência que damos é severa. Mas a severidade na defesa da sã doutrina, e na advertência contra o erro, embora excessivamente rara em nossos dias, não somente é permitida à Igreja, como também demandada: “Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé” (Tito 1:13). Nem isso denuncia um espírito amargo e odioso. Testificamos da forma como fazemos no livreto, porque amamos a Deus, cuja glória, estamos convencidos, é revelada na fé e vida Reformada histórica e confessional; porque amamos os crentes Reformados e os seus filhos, cuja fé e vida são menosprezadas pelos carismáticos e que são seduzidos a abandonar a sua fé e vida pela religião carismática; e porque amamos os carismáticos, como nosso próximo, e desejamos que eles reconheçam que suas crenças e práticas são falsas. Não temos o intuito de suavizar a mensagem, nem um pouco. A tese clara desse livro é que as doutrinas básicas do movimento carismático são doutrinas falsas, e que a religião carismática é uma inimiga da fé Reformada, e, portanto, do Protestantismo histórico. Provamos isso, cremos, a partir da Sagrada Escritura. Maravilhamo-nos que Protestantes esqueceram tão cedo da luta de Lutero e Calvino contra o Anabatismo e a exposição de B. B. Warfield sobre o perfeccionismo. Quando observamos que o dr. D. M. Lloyd-Jones (por quem temos alta consideração e de cujos escritos temos nos beneficiado) foi aparentemente brando com o movimento carismático, de forma que muitos agora podem apelar à sua autoridade para aprovar o movimento, e que o dr. J. I. Packer (a quem também respeitamos e que nos fez devedores de seu magnificente “Historical and Theological Introduction” para a tradução dele e de Johnston do The Bondage of the Will, de Lutero, em seu livro, Keep in Step with the Spirit) dá boas-vindas ao movimento dentro das igrejas e adverte contra condená-lo, e que quase todas as igrejas aceitam os carismáticos como membros em boa posição, ficamos mais convencidos que, mais do que nunca, o Protestantismo precisa de um inflexível “Não” ao movimento carismático e um fervoroso “Sim” à fé e vida Reformada tradicional. Pedimos apenas que nosso testemunho seja ouvido. Aqui, também, que os homens “provem os espíritos”.
David J. Engelsma
South Holland, Illinois
Janeiro, 1987

extraído de "Provai os Espíritos – Uma Análise Reformada do Pentecostalismo"


veja o vídeo e se assuste como o evangelho foi deturpado em nossos dias:

quarta-feira, agosto 20, 2008

O pensamento de Calvino sobre os Sacramentos


















BREVE INSTRUÇÃO CRISTÃ

PUBLICADA EM 1537

Por JOÃO CALVINO



DOS SACRAMENTOS

1. NECESSIDADE DOS SACRAMENTOS

Os sacramentos foram instituídos para exercitar a nossa fé tanto diante de Deus como ante os homens.

Ante Deus exercitam a nossa fé confirmando-a na verdade de Deus. o Senhor conhece, em efeito, que para a ignorância de nossa carne é útil propor-lhe os mistérios excelsos e celestiais sob a forma de realidades visíveis. Não é que estas qualidades estejam na natureza das coisas que nos são propostas nos Sacramentos, senão que a Palavra de Deus as marca com este significado. A promessa compreendida na Palavra precede sempre; o sinal se agrega para confirmar e selar esta promessa, e a faz mais segura, pois o Senhor vê que isto convém a nossas pobres aptidões. Nossa fé é tão pequena e tão fraca que se não estiver sustentada por todas partes e escorada por toda classe de médios, fica logo quebrantada, agitada e vacilante.

Ante os homens, os Sacramentos exercitam a nossa fé, já que se manifesta numa confissão pública e deste modo é impelido a louvar ao Senhor.

2. QUE É UM SACRAMENTO

O sacramento é um sinal externo por meio do qual o Senhor representa e nos testemunha sua boa vontade para conosco, para sustentar nossa débil fé.

De modo mais breve e mais claro: Sacramento é um testemunho da graça de Deus que se manifesta por meio de um sinal exterior.

A Igreja cristã só reconhece dois Sacramentos: o Batismo e a Ceia.

3. O BATISMO

Deus nos deu o Batismo, primeiro para servir nossa fé nEle, e depois para servir a nossa confissão ante os homens.

A fé olha para a promessa pela que o Pai misericordioso nos oferece a comunhão com seu Cristo para que, revestidos dEle, participemos de todos seus bens.

O Batismo representa em particular duas coisas: a purificação que obtemos pelo sangue de Cristo, e a mortificação de nossa carne que obtivemos por sua morte.

O Senhor mandou que os seus se batizem para remissão dos pecados. E são Paulo ensina que Cristo santifica pela Palavra de vida e purifica pelo Batismo de água a Igreja da qual Ele é o Esposo. São Paulo ensina também que somos batizados na morte de Cristo sendo sepultados em sua morte para andar em novidade de vida.

Isto não quer dizer que a água seja a causa, nem sequer o instrumento da purificação e da regeneração, senão só que recebemos neste Sacramento o conhecimento de estes dons. Se diz que recebemos, obtemos e confessamos o que acreditamos que o Senhor nos dá, já seja que conheçamos estes dons pela primeira vez ou que, conhecendo-os de antes, nos persuadamos deles com maior certeza.

O Batismo serve também a nossa confissão diante dos homens, pois é um sinal pelo qual, publicamente, fazemos profissão de nosso desejo de formar parte do povo de Deus, para servir e honrar a Deus numa mesma religião com todos os fiéis.

E por quanto a aliança do Senhor conosco é principalmente confirmada pelo Batismo, por isso com toda razão batizamos também os nossos filhos, pois participam da aliança eterna pela que o Senhor promete que será não só nosso Deus, senão também o de nossa descendência.

4. A CEIA DO SENHOR

A promessa que acompanha o mistério da Ceia aclara com evidência por que tem sido instituído e a que fins tende.

Este mistério nos confirma que o corpo do Senhor tem sido entregado por nós numa única vez, e isto de modo tal que agora é nosso e o será também perpetuamente; pois o sangue do Senhor foi derramado por nós uma única vez e de modo que Ele será sempre nosso.

Estes sinais são o pão e o vinho, sob os quais o Senhor nos apresenta a verdadeira comunhão de seu corpo e de seu sangue. E esta uma comunhão espiritual, para a qual bastam os laços do Espírito Santo, já que não requer a presença de sua carne sob o pão, ou a de seu sangue sob o vinho. Pois ainda que Cristo, elevado para o céu, deixou esta morada terrena na que nós estamos ainda como peregrinos, contudo nenhuma distância pode diminuir seu poder com o qual alimenta os seus de si mesmo, e lhes concede, ainda estando distanciados dEle, desfrutar de sua comunhão de um modo muito íntimo.

E isto no-lo ensina o Senhor na Ceia de um modo tão verdadeiro e manifesto que devemos possuir , sem a mais mínima dúvida, a plena certeza de que Cristo nos é apresentado ali com todas suas riquezas, com maior realidade que se o vissem os nossos olhos, e os toucassem nossas mãos.

O poder e a eficácia de Cristo é tão grande que não só outorga na Ceia a nossos espíritos uma confiança segura na vida eterna, senão que além da certeza da imortalidade de nossa carne; pois está já vivificada com sua carne imortal e participa, de alguma forma, de sua imortalidade. Por isso o corpo e o sangue estão representados sob o pão e o vinho, para que aprendamos não só que são nossos, senão que também são vida e alimento. Assim, quando vemos o pão consagrado em corpo de Cristo, devemos pensar imediatamente nesta semelhança; assim como o pão alimenta e conserva a vida de nosso corpo, assim também o Corpo de Cristo é o alimento e a proteção de nossa vida espiritual. E quando se nos apresenta o vinho como símbolo de seu sangue, devemos também considerar que recebemos espiritualmente do sangue de Cristo os mesmos benefícios que proporciona o vinho ao corpo.

E assim, do mesmo modo que este mistério nos ensina quão grande é a generosidade divina conosco, da mesma maneira nos insta também a não sermos ingratos ante uma bondade tão manifesta, exortando-nos a louvá-la como convém e a celebrá-la com ações de graças.

Finalmente, este Sacramento nos exorta a unir-nos uns com outros do mesmo modo que se unem entre sim os membros de um mesmo corpo. Nenhum incentivo mais poderoso e mais eficaz se nos podia dar para promover e excitar entre nós uma mútua caridade como o de que Cristo, ao dar-se a nós, nos convide só com seu exemplo a dar-nos e consagrar-nos uns aos outros, senão que, fazendo-se comum a todos, nos faz também a todos um em si mesmo.

domingo, agosto 10, 2008

Calvinismo Defende o Batismo Infantil

















Institutas da Religião Cristã - João Calvino
6. O BATISMO, COMO OUTRORA A CIRCUNCISÃO, SENDO SELO DA ALIANÇA DE DEUS COM SEU POVO, DEVE SER ADMINISTRADO ÀS CRIANÇAS

E se agora alguém pergunta se o batismo deve ser comunicado às crianças, como se lhes pertencesse por disposição divina, quem será tão desatinado e louco que, para resolvê-lo, se detenha a considerar somente a água visível e não tenha presente o mistério espiritual? Pois se o temos presente, não caberá dúvida alguma de que o batismo, com toda razão, deve ser administrado às crianças. O Senhor antigamente não lhes outorgou a circuncisão sem fazê-los participantes de todas as coisas significadas pela circuncisão. De outra sorte, ele teria imposto a seu povo meras imposturas, se os embalasse com símbolos falazes, coisa que só de ouvir causa horror. De fato ele declara expressamente que a circuncisão de uma criancinha será como que um selo para autenticar-se a promessa do pacto. Porque, se o pacto permanece firme e fixo, aos filhos dos cristãos ele vale não menos hoje que sob o Antigo Testamento valia às crianças dos judeus. Com efeito, se são participantes da coisa significada, por que serão privados do sinal? Se tomam posse da verdade, por que serão alijados da representação?
Entretanto, o sinal exterior permanece de tal modo associado à palavra no sacramento, que não se pode separar dela; no entanto, se é distinguido, qual dos dois, pergunto, consideraremos de mais importância? Obviamente, quando vemos o sinal sendo subserviente à palavra, diremos que lhe é subordinado e o relegaremos a lugar inferior. Portanto, uma vez que a palavra do batismo seja destinada às crianças, por que lhes haverá de ser proibido o sinal, isto é, o apêndice da palavra? Esta única razão, se nenhuma outra ocorresse, seria sobejamente suficiente para refutar todos os que nutrem uma opinião contrária. A objeção de que havia um dia determinado para a circuncisão é claramente evasiva. Admitimos que já não estamos, à semelhança dos judeus, obrigados a determinados dias. Quando, porém, o Senhor, ainda que não prescreva nenhum dia, no entanto declara ser-lhe do agrado que as crianças sejam recebidas solenemente em sua aliança, que mais buscaremos?

6. O BATISMO É, NA PRESENTE DISPENSAÇÃO, O SINAL DO PACTO COM ABRAÃO, COMO A CIRCUNCISÃO O FOI NA ANTIGA DISPENSAÇÃO

A Escritura, contudo, nos leva a um conhecimento ainda mais seguro da verdade, porque de fato é bem evidente que o pacto que o Senhor uma vez firmou com Abraão [Gn 17.9-14] vigora não menos para os cristãos hoje do que outrota para o povo judeu; e além disso esta palavra visa não menos aos cristãos do que aos judeus visava outrora. Salvo se, talvez, julgarmos que Cristo, com sua vinda, tenha diminuído ou tenha truncado a graça do Pai, o que não está isento de execrável blasfêmia. Por isso, os filhos dos judeus, sendo também feitos herdeiros desse pacto, uma vez que se distinguiam dos filhos dos ímpios, eram chamados semente santa [Es 9.2; Is 6.13]; pela mesma razão, ainda agora, os filhos dos cristãos são considerados santos, ainda que nascidos só de um genitor fiel; e, segundo o testemunho do Apóstolo [1Co 1.14], eles diferem da semente imunda dos idólatras. Ora, quando o Senhor, imediatamente após ser firmado o pacto com Abraão, preceituou que nas crianças fosse assinalado um sacramento exterior [Gn 17.12], que justificativa, pois, podem os cristãos alegar para não atestarem e selarem hoje também em seus filhos? Tampouco alguém me conteste dizendo que nenhum outro sacramento foi instituído para testificar este pacto senão a circuncisão, o qual há muito já foi abolido. Ora, não é difícil responder que durante o tempo do Antigo Testamento ele instituiu a circuncisão para que seu pacto fosse confirmado; mas uma vez que esta é anulada, no entanto permanece sempre a mesma razão de confirmá-lo, o que temos em comum com os judeus. Conseqüentemente, convém considerar sempre com diligência o que é comum a ambos, e o que aqueles são diferentes de nós. O pacto é comum; comum é a razão de confirmá-lo. Só o modo de confirmar é diverso, porque àqueles era a circuncisão, a qual foi substituída pelo batismo. De outra sorte, a vinda de Cristo haveria sido a causa de que a misericórdia de Deus não se manifestasse tanto a nós quanto aos judeus, se o testemunho que eles tinham para com seus filhos não foi suprimido de nós. Se isto não se pode dizer sem extrema ofensa a Cristo, através de quem foi derramada sobre as terras e declarada aos homens que a infinita bondade do Pai é mais luminosa e mais benignamente do que nunca, necessário se faz confessar que essa graça divina não deve permanecer oculta mais do que estava sob a lei, nem deve ser para nós menos certa do que o era para eles.

7. O ATO DE CRISTO ABENÇOAR AS CRIANCINHAS OFERECE PRESSUPOSTO LÓGICO E NATURAL EM FAVOR DO BATISMO INFANTIL

E por isso o Senhor Jesus, no afã de dar um exemplo pelo qual o mundo entenda que ele veio mais para dilatar do que para limitar a misericórdia do Pai, ele abraça ternamente as criancinhas que lhe eram trazidas, repreendendo os discípulos que tentavam impedi-las de acesso, quando de si, por meio de quem unicamente se patenteia a entrada no céu, estariam afastando aquelas de quem seria o reino dos céus [Mt 19.13-15; Mc 10.13-16; Lc 18.15-17]. Que semelhança, pois, alguém diria haver entre o batismo e este amplexo de Cristo? Pois não lemos que ele as tenha batizado; antes, que ele as recebeu, que as abraçou e as abençoou. Portanto, se queremos seguir o exemplo do Senhor, será melhor orar pelas crianças, mas não batizá-las, porquanto ele não o fez. Nós, porém, examinemos mais detidamente os atos de Cristo antes que a tal gênero de homens. Pois não se deve passar adiante inconsideradamenteo fato de Cristo ordenar que lhe fossem apresentadas as crianças com a razão anexa de que “dos tais é o reino dos céus” [Mt 19.14]. E a seguir atesta sua vontade com um ato, quando as abraça e as recomenda ao Pai com sua oração e bênção. Se é próprio levar as crianças a Cristo, por que também não sejam recebidas ao batismo, símbolo de nossa própria comunhão e associação com Cristo? Se delas é o reino dos céus, por que lhes neguemos o sinal por meio do qual é como se lhes fosse aberto o acesso à Igreja, de sorte que, nela adotadas, sejam arroladas por herdeiras do reino celeste? Quão iníquos seríamos se enxortássemos aquelas a quem Cristo convida a si; se espoliássemos aquelas a quem ele adorna com seus dons; se discriminássemos aquelas a quem ele próprio recebe graciosamente? Ora, pois, se insistirmos em discutir a diferença entre o ato de nosso Senhor e o batismo, em quanto mais elevado apreço teremos de ter o batismo, por meio do qual se nos atesta que as crianças estão incluídas no pacto divino, que a ação de recebê-las, o abraço, a imposição de mãos, a oração, com o quê o próprio Cristo presente declara não só que as crianças são suas, mas também que elas são por ele santificidas? Por meio de outras cavilações, com as quais porfiam por baldar esta passagem, nada mais fazem senão pôr à mostra sua ignorância; pois tergiversam que, quando Cristo diz: “Deixai vir a mim os pequeninos”, estes eram bem crescidos, pois eram aptos a ir sozinhos. Mas são chamados pelos evangelistas bre,fh kai. paidi,a/ [br$ph@ kaì paidí& – nenês e criancinhas: Mt 19.14; Mc 10.13; Lc 18.15], termos com os quais os gregos significam criancinhas de peito. Vir, pois, foi expresso simplesmente como ter acesso. cada palavra ocasião de tergiversar os fatos! Mais ainda, em nada é mais sólida a objeção de que o reino dos céus não foi designado às crianças, mas àqueles que se assemelham a elas; visto que a expressão “das tais”, não “delas propriamente ditas”. Pois, se isto for admitido, qual seria a razão de nosso Salvador querer mostrar que elas não lhe são estranhas em razão de sua idade? Quando Cristo manda que se permita que as crianças lhe tenham acesso, nada é mais claro do que estar se referindo à infância real, o que adiciona para que não parecesse absurdo: “Das tais é o reino dos céus.” Ora, se é necessário que as crianças sejam abrangidas, se vê claramente que pela expressão das tais são designadas as próprias crianças e os que se assemelham a elas.


João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Livro IV, Cap. XVI, 6. Editora Cultura Cristã.