segunda-feira, abril 23, 2007

A Bíblia condena imagens e representações de Deus


















Ao mesmo fim se destina a seguinte afirmação: “Os ídolos dos povos são prata e ouro, são obras das mãos dos homens” (Sl 115.4; 135.15), pois o Profeta concluiu que não são deuses não só por causa da sua materialidade – cuja imagem é de ouro e prata – , mas deixa claro ainda que é inútil produto da imaginação tudo quanto concebemos a respeito de Deus, pelo nosso próprio sentir. Refere-se a ouro e à prata, antes que o barro ou à pedra, para que nem o esplendor, nem o valor nos levem a reverenciar os ídolos. Finalmente, conclui, dizendo que nada existe que tenha menos aparência de verdade do que serem os deuses feitos de qualquer espécie de matéria morta!

Ao mesmo tempo, o Profeta insiste neste ponto: Que os mortais são levados por grande e louca temeridade quando, de maneira precária, conseguindo alento fugaz de instante, têm a ousadia de conferir aos ídolos a dignidade de Deus. O homem se vê obrigado a confessar que é uma criatura efêmera e, não obstante, quer que seja tido por Deus um metal que ele mesmo transformou em deidade! Pois, como nasceram os ídolos senão da desvairada imaginação dos homens?
Justíssima é a zombaria de Horacio, poeta profano, que disse:
“Eu era outrora um tronco de figueira, um inútil pedaço de lenho. Quando um artesão, incerto se deveria fazer um banco, preferiu fazer de mim um deus.”
Deste modo, um homenzinho terreno, cuja vida se extingue quase a cada instante – graças à sua arte – transfere o nome e a dignidade de Deus a um tronco sem vida.
Porém, uma vez que esse epicureu brincalhão, a fazer gracejo, não deu importância a religião alguma, deixando de lado as suas brincadeiras e as de outros, mais do que isso, transpasse-nos a censura do Profeta (Is 44.15-17), quando afirma que são excessivamente insensatos os que, de um mesmo tronco de árvore, se aquecem, acendem o forno para assar pão, assam ou cozinham a carne, e do resto fazem um deus, diante do qual se prostram suplicantes a orar. Do mesmo modo, em outro lugar (Is 40.21), não só os acusa como réus perante a Lei, mas também os censura pelo fato de não terem aprendido, dos fundamentos da terra, que, na verdade, nada é mais absurdo do que desejar reduzir Deus – que é imensurável –, à medida de cinco pés! Esta monstruosidade, que provoca repugnância à ordem da natureza, revela-se como natural nos costumes do homem.
Devemos ter em mente que, com freqüência, as superstições são referidas como obras das mãos dos homens, e carecem de autoridade divina (Is 2.8; 31.7; 37.19; Os 14.3; Mq 5.13), para que se estabeleça o seguinte: Que todas as formas de culto que os homens inventam por si mesmos, são abomináveis (diante de Deus).
No Salmo 115, o Profeta dá ênfase à loucura que significa o fato de homens – a tal ponto dotados de inteligência – saberem que todas as coisas são movidas só pelo poder de Deus e, no entanto, imploram auxilio de coisas inanimadas e destituídas de sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a demência tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular, o Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se semelhantes aos ídolos aqueles que os fazem e todos os que neles põem a sua confiança” (Sl 115.8). Notemos também que são proibidas não só gravuras mas também imagens esculpidas e, com isso, refuta-se a improcedente exceção dos gregos, pois pensam que se saem muito bem se não fazem imagem de escultura, que representem a Deus, ao mesmo tempo que se divertem fazendo gravuras desenfreadamente mais do que qualquer outra gente. Pois o Senhor proíbe não apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua, mas também que qualquer representação dEle seja modelada por qualquer tipo de artista, visto que, desse modo, Ele é representado de maneira inteiramente falsa e com grave ofensa à sua majestade.